10 Anos do 1º Festival Paranaense de Curimbas
Por Paulo Tharcicio
A Direção da FUEP – Federação Umbandista do Estado do Paraná tem o claro compromisso de auxiliar Dirigentes, Médiuns e Simpatizantes da Umbanda na busca pela legitimação e reconhecimento da nossa religião.
Esse compromisso passa, obrigatoriamente, pela divulgação a toda a sociedade das nossas práticas litúrgicas e formas de cultuar o sagrado e da nossa cultura ancestral, haja vista que o conhecimento é parte fundamental na diminuição do preconceito e da discriminação.
Temos por certo que a nossa música sagrada – o ponto cantado – é a nossa manifestação mais aceita pela sociedade, haja vista o movimento musical nacional dos Umbandistas, mas também por gravações realizadas por consagrados nomes da música popular brasileira.
Á partir da realização do 1º Festival Paranaense de Curimbas passamos a fazer parte desse movimento musical nacional de preservação da nossa cultura musical, que culmina com a realização do Prêmio Atabaque de Ouro, anualmente no Rio de Janeiro, sob os auspícios do ICAPRA, comandado pelo Babalorixá Marcelo Fritz.
Participam no Prêmio Atabaque de Ouro somente Curimbas vencedoras de festivais que são realizados por todo o Brasil. Dessa forma, a Curimba vencedora do festival paranaense representa o nosso estado no Prêmio.
Assim, em 2010 realizamos o 1º Festival Paranaense de Curimbas, no Guairinha, onde tivemos lotação completa no auditório. O objetivo do Festival era destacar Compositores, Ogãs, Intérpretes e Atabaqueiros paranaenses dando-lhes visibilidade, afinal são essenciais para a realização das nossas Giras.
Além disso, se permite e potencializa a criação de novos pontos cantados, que serão entoados em Templos Umbandistas de todo o nosso país.
O Guairinha ficou pequeno para os Umbandistas que lá estiveram, a lotação total do auditório aconteceu já no início das apresentações das Curimbas concorrentes e dos convidados, o que fez com que vários irmãos(ãs) tivessem que voltar para casa sem poder assistir ao espetáculo.
Como convidados apresentaram-se o Grupo “Os Encantados” de Curitiba, que cantou o Hino da Umbanda na abertura e após voltou para a sua apresentação; o Trio da Umbanda formado pelos compositores/cantores de renome nacional Afonso de Xangô, Mano Lopes e José Carlos de Oxóssi, do Rio de Janeiro, autores de muitos dos pontos cantados nos Terreiros.
Após tivemos a apresentação da Curimba do Terreiro Pai Maneco de Curitiba e encerrando o festival o grande Tião Casemiro, que há mais de 40 anos empresta a sua voz a centenas de pontos de Umbanda.
Como concorrentes, as belíssimas apresentações de curimbas, ogãs e cantores dos terreiros de Curitiba e região metropolitana; ASSEMA, Guerreiros de Oxalá, Pai Tobias de Guiné, Reino de Oxalá e Tio Antônio, com uma menção especial para os irmãos do Terreiro Filhos da Vovó Rita de Mafra – SC que também abrilhantaram o evento.
Os pontos fortes das apresentações foram, sem dúvida, a emoção, a alegria e o amor à Umbanda que todos os concorrentes demonstraram, levando o auditório com mais de 500 pessoas ao delírio.
Não se pode também, deixar de citar a presença do coordenador do ICAPRA – Instituto Cultural de Apoio Pesquisa às Religiões Afro, do Rio de Janeiro, e produtor do Prêmio Atabaque de Ouro, o Babalorixá Marcelo Fritz, que trouxe a mensagem da importância do envolvimento, de cada umbandista e de cada templo na busca do reconhecimento social da Umbanda.
Sagrou-se vencedora dessa primeira edição do Festival a Curimba do Terreiro de Umbanda Tio Antônio, que interpretou a cantiga “Curimba de Terreiro” de autoria do Celso Cunha, defendida pelo Valdirlei de Castro, (Pai Val, hoje dirigente do Instituto Universalista São Miguel Arcanjo). A cantiga homenageia o Pai Serafim, entidade que incorpora no Pai André de Xangô, dirigente do Terreiro. É o Pai Serafim que comanda a Curimba nas Giras do Tio Antônio. Entretanto, a cantiga homenageia também a Curimba e saúda a sua importância no desenvolvimento das Giras.
Assim, vencendo aqui, foi nos representar no Atabaque de Ouro, e pela primeira vez uma Curimba do nosso estado participou do Prêmio. No Rio de Janeiro a cantiga foi interpretada pela Suezi Nogueira, hoje reconhecida como uma das grande intérpretes Umbandistas.
Mas, qual não foi a surpresa quando a Curimba do Tio Antônio se sagrou Campeã das Campeãs do 7º Prêmio Atabaque de Ouro. Era a primeira vez que uma Curimba de fora do RJ conquistava o cobiçado Prêmio.
Assim, fizemos questão de celebrar essa data, tanto pela importância intrínseca, quanto pelo significou nos anos seguinte, mas isso será motivo de outras matérias.
Nesse ano de 2020, em função da pandemia da covid-19 não tivemos como realizar o Festival, haja vista a quantidade de pessoas que comparece no evento, proporcionaria uma enorme aglomeração, desaconselhada pelos profissionais e entidades sanitárias. Da mesma forma, não será realizado o Atabaque de Ouro, que ficou para o início do ano que vem.
A FUEP, os Templos associados e o Festival Paranaense de Curimbas estão presentes e prontos para as próximas décadas, para seguir contribuindo para levar essa expressão cultural dos Umbandistas, buscando a legitimação da sagrada Umbanda e dessa forma propondo um futuro melhor para as próximas gerações. Axé!
Para ver as fotos do 1º Festival:
https://fuep.org.br/fatos-e-fotos/1-festival-pr-de-curimbas/
Para ver a apresentação da Curimba do Terreiro Tio Antônio no I Festival :
https://www.youtube.com/watch?v=zFdakAlV7VE&list=PL4A9A70ABF9258D78&index=40
Para ver a apresentação da Curimba do Terreiro Tio Antônio no 7º Prêmio Atabaque de Ouro:
https://www.youtube.com/watch?v=xTOI5kDjFiE&list=PL4A9A70ABF9258D78&index=63
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